Lugares Históricos
Cidade de mil cores
Lisboa tem uma história multisecular, bem visível no património cultural e nas ambiências e vivências urbanas. Nasceu junto do Estuário do Rio Tejo e expandiu-se pelas colinas, encostas e vales da frente ribeirinha, mas também para norte, incorporando aldeias e quintas que se formaram junto de antigos caminhos rurais.
No século II a. C. a cidade Olisipo foi município romano com o nome de Felicitas Julia e, mais tarde, cidade muçulmana. No século XII, tornou-se cidade cristã. No século XIII, passou a ser capital de Portugal e, no século XVI, foi grande centro de comércio e ligação entre a Europa e o Mundo. O terramoto de 1755 tornou-se oportunidade para a reconstrução como Cidade do Iluminismo. Nos séculos XIX e XX, ganhou novas áreas urbanas, revitalizando e enriquecendo a memória.
Para conhecer esta cidade cosmopolita, é necessário percorrer o centro histórico antigo, mas, também, descobrir outros bairros, cada um deles repleto de tradições e memórias vivas. Na sua diversidade, Lisboa é multifacetada, acolhedora e surpreendente. É uma cidade de bairros históricos e tradicionais, “com as suas casas de mil cores”, como escreveu o poeta Fernando Pessoa.
- Belém / Ajuda / Alcântara
- Cais do Sodré / Madragoa / Lapa
- Baixa / Chiado / Carmo
- Bairro Alto / Bica
- Colina do Castelo / Graça / Mouraria
- Alfama / São Vicente / Santa Clara
- Madre de Deus / Xabregas / Beato / Marvila
- Olivais / Parque das Nações
- S. Pedro de Alcântara / Príncipe Real / Amoreiras
- Av. da Liberdade / Avenidas Novas
- Intendente / Arroios
- Estrela / Campo de Ourique
- Campo Grande / Alvalade
- Benfica / Carnide / Lumiar
Belém / Ajuda / Alcântara
A parte ocidental de Lisboa tem uma história ligada à tradição fluvial e marítima das grandes navegações. Belém foi local de partida das armadas que puseram Portugal e a Europa em contacto com as Américas e o Oriente. No século XVIII, a tradição das quintas reais de veraneio trouxe a Corte para a encosta da Ajuda, quando o terramoto de 1755 destruiu o centro da cidade.
O Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, notáveis exemplares do estilo manuelino (século XVI), são distinguidos pela Unesco como Património da Humanidade. O Museu Nacional de Arqueologia revela uma herança ancestral. O Museu de Marinha apresenta temáticas ligadas às artes de marear e o Planetário é dedicado à descoberta do universo. O Centro Cultural de Belém apresenta as Artes visuais e performativas. O Real Jardim Botânico da Ajuda é um caraterístico jardim histórico, da autoria de Domingos Vandrelli. O Palácio Nacional da Ajuda, imponente obra de arquitetura neoclássica, apresenta vivências da família real no século XIX e o Museu do Tesouro Real expõe as Joias da Coroa. No antigo Picadeiro Real e no Museu do Coches preservam-se raros exemplares das artes do Barroco. Bem perto, fica o antigo edíficio da Cordoaria Real e o Berardo Museu Arte Deco. No percurso ribeirinho, situam-se o Museu da Eletricidade, o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) e o Museu do Oriente. No Quake – Museu do Terramoto de Lisboa ficamos a conhecer tudo sobre terramotos e sobre o grande sismo que atingiu Lisboa em 1755.
Cais do Sodré / Madragoa / Lapa
As encostas solarengas que descem até ao Tejo têm a sua história associada à vida fluvial. A frente ribeirinha, onde se abrem pequenas praças e largos, preserva a ambiência dos cais e docas que estabelecem a navegação entre Lisboa e a margem sul do estuário e assegura as ligações ferroviárias ao longo da Linha do Estoril, num caraterístico percurso junto ao rio e ao mar. As encostas, marcadas pela qualidade ambiental e paisagística, registam a histórica ocupação por edifícios residenciais, igrejas e conventos, ao longo do antigo caminho que fazia a ligação entre o centro da cidade e a zona ocidental até Belém. No Cais do Sodré, ergue-se o Mercado da Ribeira e o edifício Arte Déco da Estação de Comboios. A Madragoa, com o Museu da Marioneta, o Convento das Trinas e o Instituto Hidrográfico, mantem o perfil de bairro com origens no século XVI. Mas é essencial conhecer o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) com as suas coleções de arte portuguesa e de arte europeia.
Baixa / Chiado / Carmo
A Baixa, o Chiado e o Carmo localizam-se a poente da Colina do Castelo, num vale e numa colina com encostas viradas a sul, onde o Tejo está sempre presente.
A Baixa desenvolveu-se no século XIII como zona comercial. No século XVI, acolheu o Palácio Real com o amplo Terreiro do Paço. Depois do terramoto de 1755, foi aplicado o inovador plano urbanístico e arquitetónico inspirado nos princípios do Iluminismo europeu. Ruas ortogonais com fachadas clássicas ligam a elegante Praça do Rossio (Praça D. Pedro IV) e a imponente Praça do Comércio, aberta ao rio, rodeada por arcadas e com a estátua equestre do rei. Aqui encontra-se o espaço interativo que conta a história da cidade: Lisboa Story Center. As esplanadas e os cafés convidam à contemplação e o MUDE – Museu do Design surpreende pela arquitetura e pela coleção de arte.
O Chiado é um bairro com origem na instalação de conventos. No século XIV, foi integrado no perímetro rodeado pela nova muralha da cidade. A reconstrução depois do terramoto regularizou fachadas, mas preservou memórias. No século XIX, antigos edifícios acolheram novos usos. Percorrer estas ruas leva-nos a conhecer a Lisboa cosmopolita. No Largo do Chiado e na Rua Garrett, o cenário urbano é rico na sua diversidade e monumentalidade. A estátua de Fernando Pessoa lembra-nos que o poeta nasceu neste bairro, em 1888. Na Praça Luís de Camões, ergue-se o monumento evocativo de outro grande poeta Este é também um lugar de Igrejas, onde se cruzam o sagrado e o profano – Igreja de São Roque, Igreja da Encarnação, Igreja do Loreto, Igreja do Santíssimo Sacramento e Basílica dos Mártires). A vida cultural passa pelos Teatros (Teatro Nacional de São Carlos, dedicado à Ópera, Teatro São Luiz e Teatro da Trindade) e pelos Museus (Museu Nacional de Arte Contemporânea/Museu do Chiado, Museu de São Roque e Museu da Polícia).
O Carmo, com o seu largo e os seus Museus (Museu Arqueológico do Carmo e Museu da Guarda Nacional Republicana) é um lugar de memória, associado a figuras e factos de várias épocas, com destaque para episódios importantes que ocorreram a 25 de Abril de 1974 e que marcam a Revolução dos Cravos. O elevador de Santa Justa faz e ligação entre o Largo do Carmo e a Baixa.
A Baixa e o Chiado são, ainda hoje, um local privilegiado para ir às compras e aqui encontramos casa centenárias cheias de histórias para contar – fachadas, montras, mobiliário e arte que dão cor a uma cidade cheia de contrastes e animação.
Bairro Alto / Bica
O Bairro Alto surgiu no século XVI, no exterior da muralha, instalado numa encosta solarenga, com base em soluções arquitetónicas e urbanísticas inovadoras. Com uma ambiência multifacetada, é um dos locais mais emblemáticos de Lisboa, onde se cruzam diversas culturas e modos de vida. Em ruas ordenadas e regulares com fachadas planas coexistem casas e palácios dos séculos XVI, XVII e XVIII. Começou por acolher a vasta população ligada às atividades fluviais e marítimas e ao comércio, mas a qualidade do sítio atraiu também famílias da nobreza e da aristocracia, escritores e artistas. O núcleo museológico do Convento dos Cardaes encontra-se no antigo Convento de Carmelitas Descalças (século XVII), edifício que escapou à destruição do terramoto de 1755. No século XIX, por aqui se instalou a imprensa com os seus jornais e tipografias, tal como a vida boémia lisboeta ligada ao fado. Na envolvente, a Bica, destaca-se o caraterístico elevador que faz a ligação entre o Bairro Alto e a zona ribeirinha. Santa Catarina, onde se localiza o Museu da Farmácia, é um miradouro natural com ampla vista sobre o estuário do Tejo.
Colina do Castelo / Graça / Mouraria
A colina do castelo é o local mais antigo de Lisboa. Entre a zona alta defensiva e a zona baixa portuária, a encosta virada ao rio foi ganhando centralidade urbana. No século I formou-se a cidade romana. No século X desenvolve-se a cidade muçulmana e, a partir do século XII, expandiu-se a cidade cristã. Neste território acidentado surge um tecido urbano orgânico, formado por ruas estreitas e pequenos adros que podemos percorrer, onde se concentram notáveis exemplares do património histórico e artístico. O Museu do Teatro Romano preserva a memória da cidade de Olissípo. O conjunto defensivo, arqueológico e habitacional do Castelo é também excelente miradouro. O conjunto monumental, formado pela Catedral românico-gótica e pela Igreja de Santo António, testemunha a história e a vida da cidade. A Igreja de Santa Luzia com o seu jardim-miradouro, o Mosteiro de São Vicente de Fora, a Igreja de Santiago e a Igreja do Menino Deus combinam religiosidade, tradição e arte. À sombra do Castelo, na encosta virada a norte, formou-se, no século XII, a Mouraria, destinada à habitação de muçulmanos pela carta de foral dada pelo primeiro rei de Portugal. A nascente, a Colina da Graça até ao Monte de São Gens foi ocupada por espaços conventuais, com destaque para a Igreja e Convento da Graça, implantada num surpreendente largo-miradouro sobre Lisboa, tal como a Ermida de Nossa Senhora do Monte, local de devoção popular, com a cidade no horizonte. No século XVIII, o bairro da Graça acolheu palácios da nobreza. No século XIX, surgiram bairros e vilas operárias, como a Vila Berta e a Vila Estrela de Ouro.
Alfama / São Vicente / Santa Clara
A oriente da Colina do Castelo, Alfama estende-se pelas encostas do vale até ao rio. O conjunto labiríntico de ruas, travessas, becos, escadinhas, adros e terreiros com casario antigo começou por ser um arrabalde da cidade muçulmana usado para veraneio e cura de águas termais. No século XII, expandiu-se e consolidou-se como zona urbana residencial. No século XIV, o bairro com a sua judiaria, foi integrado na área protegida pela nova muralha da cidade. Atividades ligadas à pesca e à vida fluvial e marítima marcaram a vida local e as ambiências urbanas. Os antigos cais e docas foram dando lugar a novas atividades portuárias. No século XVIII, aqui foram construídos o Celeiro Público e a Alfândega e a cidade expandiu-se pelas propriedades conventuais de São Vicente e de Santa Clara. O percurso leva-nos à descoberta de um notável património histórico, material e imaterial. Aqui se festejam os Santos Populares, nomeadamente na noite de Santo António (12/13 de junho). O Museu do Fado, dedicado a esta tradição lisboeta distinguida pela Unesco como Património da Humanidade, revela-nos o passado e o presente. São surpreendentes as igrejas monumentais, como São Vicente de Fora, com a sua fachada maneirista do século XVI, e Santa Engrácia (Panteão Nacional) onde as formas do Barroco do século XVIII predominam, mas também as igrejas paroquiais de São Miguel e de Santo Estêvão, ou, apenas, as fachadas simples, sabores e cores e ambiências locais, como a Feira da Ladra que se realiza semanalmente no Campo de Santa Clara.
Madre de Deus / Xabregas / Beato / Marvila
A frente ribeirinha oriental é a parte da cidade onde, desde o século XVI, se instalaram igrejas, conventos e palácios de veraneio da corte e da nobreza. A ligação ao rio favoreceu a industrialização nos séculos XIX e XX. O antigo caminho de saída da cidade, sempre com o estuário do Tejo no horizonte, é um percurso com diversidade de arquiteturas. As fachadas dos antigos palácios, igrejas e conventos convivem com ambiências rurais e núcleos industriais reconvertidos para fins culturais. O Museu da Água, instalado na antiga Central dos Barbadinhos, e o Convento da Madre de Deus com a sua Igreja e o Museu Nacional do Azulejo são locais de referência.
Olivais / Parque das Nações
Antigos povoados rurais da zona oriental foram integrados no território de Lisboa no final do século XIX. A freguesia dos Olivais preserva este património cultural no conjunto urbano conhecido como Olivais Velho, com fachadas tradicionais, a Igreja e o coreto. A frente ribeirinha, onde a industrialização substituíra a pesca, foi reabilitada para acolher a Exposição Mundial de Lisboa, em 1998, dedicada ao tema Os Oceanos: um património para o futuro. Aqui surgiu um novo bairro, o Parque das Nações, em harmonia com o estuário do tejo. O percurso pedonal ribeirinho é amplamente arborizado e tem jardins formados por espécies exóticas originárias de várias partes do mundo. Edifícios emblemáticos de arquitetura contemporânea, como o Pavilhão de Portugal (arquiteto Álvaro Siza Vieira) e a Gare do Oriente (arquiteto Santiago Calatrava), merecem especial atenção. O Oceanário e o Pavilhão do Conhecimento – Centro de Ciência Viva apelam a uma visita demorada e a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes a uma paragem mais contemplativa.
S. Pedro de Alcântara / Príncipe Real / Amoreiras
Ao longo de um antigo caminho de ligação entre a cidade e os arredores, que funcionou como via de abastecimento de produtos agrícolas e de circulação de pessoas, formaram-se núcleos de povoamento, que se vieram progressivamente a integrar no centro urbano, preservando memórias e criando identidades. O Miradouro de São Pedro de Alcântara, defronte do Convento do mesmo nome, permite uma das mais belas vistas de Lisboa. O Jardim do Príncipe Real é um espaço aprazível com árvores centenárias, onde se localiza o Reservatório da Patriarcal (grande cisterna do século XIX). Na Rua da Escola Politécnica, destaca-se o Museu Nacional de História Natural e da Ciência e o Jardim Botânico de Lisboa. A partir do Largo do Rato, onde se ergue o Chafariz barroco, vislumbra-se já o edifício da Mãe de Água (terminal das águas do Aqueduto de Lisboa), projetado, no século XVIII, pelo arquiteto Carlos Mardel. A Praça das Amoreiras (Jardim Marcelino Mesquita), com árvores frondosas, é delimitada pela arcaria do Aqueduto, onde se inscreve a Capela de Nossa Senhora de Monserrate, e pela fachada da antiga Fábrica da Seda, onde se encontra a Fundação e Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva, dedicada à obra destes pintores.
Av. da Liberdade / Avenidas Novas
A abertura da Avenida da Liberdade, em 1879, deu origem à expansão programada da cidade para norte, com base em soluções inspiradas no urbanismo parisiense. As ruas retilíneas dos novos bairros, com fachadas de inspiração revivalista e Arte Nova, são articuladas por grandes rotundas, onde se erguem monumentos escultóricos emblemáticos, como o que evoca a figura do Marquês de Pombal. Espaços verdes, como os grandes passeios da Avenida (arborizados e pavimentados com padrões de calçada artística portuguesa), o Parque Eduardo VII (onde se localiza a Estufa Fria) e o Jardim Amália Rodrigues (um dos melhores miradouros da cidade e do rio) convidam a percursos serenos de fruição e lazer. A vida cultural é atrativa em museus e centros culturais, com destaque para a Cinemateca, a Casa-Museu Anastácio Gonçalves, o Museu Gulbenkian e o Centro de Arte Moderna. Mais a norte, na cosmopolita Avenida da República, encontra-se o edifício histórico de estilo NeoÁrabe da Praça de Toiros Monumental do Campo Pequeno e, ali perto, a Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
Intendente / Arroios
No início do século XX, o velho caminho que saía do centro da cidade antiga transformou-se numa grande avenida que progressivamente se constituiu como eixo central. Nas encostas, onde existiam quintas e pequenas propriedades, surgiram novos bairros. Ao longo do primeiro troço do percurso, identificado como Rua da Palma, vêem-se fachadas de antigos palácios. No Largo do Intendente, predominam ambiências multiculturais. Aqui se erguem edifícios clássicos, uma antiga fábrica de cerâmica com a fachada revestida por azulejos e um exuberante edifício com decoração Arte Nova, premiado em 1908 com o Prémio Valmor de Arquitetura. Prosseguindo pela Avenida Almirante Reis e observando caraterísticas fachadas revestidas por azulejos e com decoração em estilo Arte Déco, chega-se ao Bairro de Arroios, onde o Mercado tem um ambiente multicultural com produtos, cores e sabores associados a culturas de múltiplas partes do Mundo. Prosseguindo até ao Areeiro, surge um cenário configurado por edifícios de arquitetura moderna construídos em meados do século XX.
Estrela / Campo de Ourique
Numa zona de antigos conventos, a Basílica da Estrela foi construída no século XVIII, por iniciativa da Rainha D. Maria I, em cumprimento do voto pelo nascimento do seu filho varão. É um edifício monumental com grandes torres e cúpula barroca. Em frente, fica o aprazível Jardim da Estrela, o primeiro jardim urbano público construído em Lisboa no século XIX. Logo ao lado, fica o Cemitério dos Ingleses com uma ambiência romântica, onde se destaca o túmulo do escritor Henry Fielding. O vizinho Bairro de Campo de Ourique, construído no século XIX, surpreende pela sua arquitetura com fachadas decoradas por azulejos Arte Nova. O percurso pelas suas ruas leva-nos à descoberta de lugares e vivências únicas. O Jardim, com espécies arbóreas classificadas como Património Natural. O Mercado e a Igreja configuram a paisagem urbana. O Cemitério dos Prazeres, no final da carreira do elétrico 28, contem notáveis obras de arte funerária. Indispensável é a visita à Casa Fernando Pessoa, a última morada do poeta, uma casa de poesia onde se preservam documentos manuscritos e objetos pessoais. Continuando pelo Bairro de São Bento, destacam-se os Jardins e o Palácio de S. Bento, sede da Assembleia da República desde 1834, o Mercado, aqui instalado desde 1881 e recuperado recentemente e a Casa-Museu Amália Rodrigues, figura expoente do Fado. Próximo, o Atelier-Museu Júlio Pomar, apresenta e promove a obra deste importante pintor.
Campo Grande / Alvalade
O Jardim do Campo Grande (Jardim Mário Soares) é um espaço retangular, amplamente arborizado. Teve origem num antigo campo de feira do século XVIII, junto do qual existiam explorações agrícolas e quintas solarengas. No século XIX, transformou-se numa das principais zonas de lazer da sociedade lisboeta, com restaurantes típicos, onde, muitas vezes, se cantava o fado. Modernizado ao longo do século XX pelo arquiteto Keil do Amaral, é hoje um lugar aprazível dedicado ao lazer, à fruição e ao desporto. Aqui se localizam a Igreja dos Santos Reis Magos, a Biblioteca Nacional, o Arquivo Nacional, a Cidade Universitária e dois museus essenciais para quem quer conhecer Lisboa. O Museu de Lisboa, instalado no Palácio Pimenta, com os seus jardins, é dedicado à história da cidade. O Museu Rafael Bordalo Pinheiro, apresenta a obra do pintor, desenhador e caricaturista. Junto ao Campo Grande, o Bairro de Alvalade, construído em meados do século XX para dar resposta às necessidades de habitação, inspira-se no urbanismo modernista. Concebido pelo arquiteto Faria da Costa, tem oito conjuntos de habitação ou unidades de vizinhança separadas pelas ruas principais. O espaço público é amplamente arborizado e ajardinado. Equipamentos culturais, desportivos e de lazer, cafés, restaurantes e pequeno comércio animam a vida de bairro. A Igreja de São João de Brito, localizada no topo da Avenida da Igreja e inaugurada em 1955, reflete o trabalho do arquiteto Vasco Morais Palmeira (Regaleira).
Benfica / Carnide / Lumiar
Na vasta área a norte da cidade, persistem memórias de antigas aldeias, igrejas, quintas e palácios, locais de veraneio da sociedade lisboeta. Ao longo da Estrada de Benfica, destaca-se o Jardim Zoológico de Lisboa, o Palácio Beau-Séjour, construído no século XIX, com fachada revestida de azulejos e jardim envolvente, e o Bairro Grandella, um caraterístico bairro operário, formado por habitações e escola, construído no início do século XX, na antiga Quinta dos Loureiros. No Calhariz de Benfica, o Palácio Fronteira-Alorna e os seus jardins são património cultural de referência. Em Carnide, o núcleo histórico surpreende pelo conjunto urbano do século XVII e XVIII, com largos e ruas que preservam a ambiência tradicional, tal como a Igreja de Nossa Senhora da Luz, um edifício monumental iniciado no século XVI, pertencente a um antigo santuário mariano. No Lumiar, uma freguesia criada no século XIII, com ligações à corte e à nobreza, é relevante o percurso da Estrada do Paço do Lumiar com o seus palácios e quintas, nomeadamente a Quinta e Palácio do Monteiro-Mor, onde se localizam o Museu Nacional do Teatro e o Museu Nacional do Traje e, logo a seguir, a Igreja de São João Baptista.